Preta, preto, pretinhos https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br Novidades da comunidade negra no Brasil e no mundo Thu, 09 Dec 2021 15:45:00 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Preta, Preto, Pretinhos agora tem novo endereço na Folha https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/2021/12/09/preta-preto-pretinhos-agora-tem-novo-endereco-na-folha/ https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/2021/12/09/preta-preto-pretinhos-agora-tem-novo-endereco-na-folha/#respond Thu, 09 Dec 2021 15:38:18 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/?p=1799 Caro leitor,

Este blog continua na Folha, mas, agora, em um novo endereço. Acesse www1.folha.uol.com.br/blogs/preta-preto-pretinhos para continuar lendo tudo que o Preta, Preto, Pretinhos publica.

Os textos já publicados permanecerão neste espaço para serem lidos e relidos.

Clique a seguir para ler o novo texto do blog: ‘Negras Cabeças’ recordam o que o cabelo tem a nos ensinar

 

 

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Estudo aponta como o racismo prejudica o desenvolvimento de crianças negras https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/2021/11/06/estudo-aponta-como-o-racismo-prejudica-o-desenvolvimento-de-criancas-negras/ https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/2021/11/06/estudo-aponta-como-o-racismo-prejudica-o-desenvolvimento-de-criancas-negras/#respond Sat, 06 Nov 2021 17:30:40 +0000 https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/estudo_racismo_interna-320x213.jpg https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/?p=1785 Uma criança se esconde em um canto do pátio da escola durante o recreio para não ser alvo de “brincadeiras” dos coleguinhas, por conta da cor da sua pele. Outra chega chorando em casa porque uma amiguinha de jardim lhe perguntou “por que ela sempre está despenteada”. Uma terceira começa a dormir mal depois que seu cabelo, na creche, foi comparado “ao de uma bruxa”.

Um dos episódios aconteceu há pouco tempo; outro, há uma década; outro, ainda nos anos 80. Uma dessas meninas era eu; outra, minha filha; outra, a protagonista de uma das histórias elencadas no estudo “Racismo, educação infantil e desenvolvimento na primeira infância”, que acaba de ser publicado pelo Comitê Científico do Núcleo Ciência pela Infância.

Em linguagem clara e com evidente fim didático, o material tem por objetivo indicar – a partir da análise de investigações qualitativas em saúde e educação produzidas no Brasil e nos Estados Unidos – como o racismo estrutural prejudica o desenvolvimento de crianças negras entre zero e seis anos, e que ações e políticas públicas devem ser tomadas para combater essa problemática.

“Um exemplo desse processo pode ser comprovado em uma pesquisa de mestrado que constata que uma instituição de educação infantil frequentada por 90% de crianças negras só tinha bonecas brancas à disposição delas e ninguém considerou esta uma incongruência na organização dos espaços de educação voltados para elas”, afirma ao Preta, Preto, Pretinhos a coordenadora do estudo, Lucimar Rosa Dias, doutora em Educação pela Universidade de São Paulo e professora associada da Universidade Federal do Paraná.

“Há outros exemplos semelhantes ou de maior gravidade que esse, que colocam a criança negra na condição de invisível. Ou que lhes atribui um não-lugar, uma desvalorização de sua humanidade.”

Fragmento de “Racismo, educação infantil e desenvolvimento na primeira infância” (Reprodução)

De forma direta ou indireta, o racismo causa impactos negativos “em relação a oportunidades para adquirir habilidades e conhecimentos, autopercepção, autoconfiança, saúde física e mental, construção de identidade, relações parentais, socialização de saberes e acesso a direitos (condições de moradia, saneamento, alimentação, saúde etc.)”, descreve o estudo.

Alguns dos possíveis efeitos da desigualdade vivida pelas crianças já em seus primeiros anos de vida são, de acordo com o material, rejeição da própria imagem e impacto na autoestima, restrições para realizar sua capacidade intelectual, construção de uma identidade racial desvalorizada, problemas de socialização e inibição comportamental, propensão ao desenvolvimento de doenças crônicas na vida adulta, estresse tóxico, ansiedade, fobia, depressão, violência doméstica e dificuldade de confiar em si mesmas.

Ação individual e políticas públicas

A discriminação vivenciada durante a infância negra na escola – pelas interações com outras crianças e com profissionais – deve ser contemplada por políticas educacionais que não se eximam do recorte racial, indicam os investigadores. O material aponta também “negligência, desrespeito às normativas do Estado brasileiro, que prevê o direito ao pleno desenvolvimento de todas as crianças”, pondera Dias.

Ao mesmo tempo em que recordam a educação como “espaço de reprodução do racismo”, os pesquisadores também enfatizam esse como um lugar de mudança, já que em casa e na escola acontecem os primeiros “cursos de racismo”, como escrevem, em alusão às palavras do sociólogo David R. Williams, da Universidade de Harvard, autor de investigações sobre discriminação e saúde mental.

“As soluções passam por um compromisso ético de considerar a variável raça em qualquer política pública desenvolvida com foco na infância, seja ela relacionada à assistência, ao trabalho, à educação, ao lazer, dentre outras”, afirma Dias. “São fundamentais recursos financeiros que equipem as instituições com brinquedos, materiais pedagógicos e livros que possibilitem às professoras e professores desenvolver a educação para as relações étnico-raciais. Para que isso ocorra é imprescindível a formação inicial e continuada dos profissionais da educação.”

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Mortalidade de pacientes pretos com demência aumentou 65% após eclosão da Covid-19 no Brasil, aponta estudo https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/2021/10/06/mortalidade-de-pacientes-negros-com-demencia-foi-65-superior-apos-eclosao-da-covid-19-no-brasil-aponta-estudo/ https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/2021/10/06/mortalidade-de-pacientes-negros-com-demencia-foi-65-superior-apos-eclosao-da-covid-19-no-brasil-aponta-estudo/#respond Wed, 06 Oct 2021 10:00:15 +0000 https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/demencia_grafico-320x213.jpg true https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/?p=1773 A emergência sanitária provocada pela Covid-19 no Brasil, a partir do primeiro semestre de 2020, trouxe uma acentuada disparidade étnico-racial em hospitalizações e mortalidade entre pacientes com demência no país. Em comparação com o mesmo período de 2019, a taxa de mortalidade registrou uma diminuição de 9% entre pacientes brancos, mas um aumento de 65% e 43%, respectivamente, entre pretos e pardos.

Isso é o que aponta estudo realizado por pesquisadores das universidades federais de Pelotas (UFPel) e do Rio Grande do Sul (UFRGS), em parceria com a Universidade de Queensland, na Austrália.

A investigação, realizada por Natan Feter, Jayne Santos Leite, Ricardo Alt e Airton José Rombaldi, foi publicada hoje na revista “Cadernos de Saúde Pública” e examina o efeito da pandemia do novo coronavírus em hospitalizações devido a demência no Brasil, de acordo com dados extraídos do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SUS). O estudo também se encontra disponível na Agência Bori.

“De forma inédita, mostramos um possível efeito indireto da pandemia de Covid-19. Já havia sido apontado em algumas pesquisas que pessoas negras apresentavam risco elevado para demência. No entanto, avançamos nesse conhecimento, mostrando como a pandemia influenciou negativamente nessa situação. A partir desses achados, é preciso uma reflexão do ponto de vista governamental de como reduzir tal disparidade observada”, diz Feter ao Preta, Preto, Pretinhos.

Foram analisados e comparados o número de admissões hospitalares por 100 mil habitantes, o valor médio reembolsado por internação e a taxa de mortalidade dos pacientes internados devido a demência durante os primeiros semestres de 2019 e 2020 – isto é, antes e durante a pandemia de Covid-19. Os dados foram estratificados por região geográfica e grupo étnico-racial – pretos, pardos e brancos.

Por “demência”, os investigadores consideraram todas as hospitalizações no SUS cujo diagnóstico principal foi definido como demência na Doença de Alzheimer, demência vascular, demência em outras doenças classificadas em outra parte e demência não especificada, de acordo com a Classificação Internacional de Doenças.

Segundo a Associação Brasileira de Alzheimer, há cerca de 1,2 milhão de casos no país, a maior parte deles ainda sem diagnóstico. Em todo o mundo calcula-se que existam 55 milhões de pessoas com a doença.

“O Brasil é o segundo país em prevalência ajustada de casos de demência, como a doença de Alzheimer, reflexo do pouco investimento em políticas de conscientização sobre a gravidade desses quadros”, pondera Feter, que também é coordenador do Grupo de Estudos em Neurociência e Atividade Física da UFPel.

Menos internações, mais mortalidade

Em 2020, as internações de pacientes com demência caíram 19,5%, e o gasto médio com hospitalizações diminuiu 43%. Em comparação com 2019, a diminuição de hospitalizações foi mais pronunciada entre pacientes pardos (-42%) e pretos (-39%). O gasto relacionado a essas internações foi 56% menor entre os pacientes pretos em 2020, comparado com o ano anterior.

Apesar de haver sido registrada uma redução geral nas taxas de hospitalização em todos os grupos estudados, a redução de hospitalização de pretos e pardos foi 105,3% e 121,1% maior do que a de pacientes brancos. A taxa de mortalidade nesse grupo diminuiu 9%, mas aumentou 65% e 43% entre pacientes pretos e pardos, respectivamente.

Ainda em 2020 pacientes pretos e pardos com demência tiveram chance de óbito 79% e 61% superior, respectivamente, à de pacientes brancos. Essa disparidade, observam os pesquisadores, não foi registrada no mesmo período de 2019. Entre as causas apontadas, estão “desigualdade no acesso aos serviços de saúde, crenças culturais sobre a demência como algo normal e que é parte do processo de envelhecimento, e falta de informação sobre fatores de risco e tratamento para a doença”, como registram no estudo, além de “maior prevalência de fatores de risco de doenças cardiovasculares entre essas populações”, afirma Feter.

Também a eclosão da pandemia de Covid-19, que “colapsou o já desigual acesso a assistência médica e tratamento, especialmente para populações vulneráveis”.

Raio-x e alerta

O estudo tem limitações ressaltadas pelos próprios pesquisadores. “A falta de dados sobre outras populações, como as indígenas, limita nossa capacidade de extrapolação dos dados para todos os grupos étnicos no Brasil. Por exemplo, nas hospitalizações de 2019, em 26,8% delas não havia dados sobre etnia dos pacientes”, detalha Feter. “Assim, o correto reporte dessas informações é indispensável para que futuras políticas públicas possam ser desenvolvidas de forma a contemplar todos os grupos étnicos no país”, diz.

“Segundo, o uso do DataSUS limita nossos achados para as hospitalizações dentro do serviço público. Visto que 3/4 da população utiliza esse serviço de saúde, essa limitação pode ter diminuído a ocorrência dos desfechos especialmente na população branca e em regiões mais desenvolvidas.”

Os autores ponderam também que “o súbito aumento de casos e mortes devido à pandemia pode explicar a diminuição da taxa de internações relacionadas a demência, já que a idade é um fator de risco tanto para a Covid-19 como para a demência”. Mas, escrevem, “é preciso destacar a notável diminuição das taxas de hospitalização entre pacientes pretos e pardos. O papel que a genética desempenha em diferenças específicas da raça, no que diz respeito à progressão da demência, parece ser superado por fatores sociais e culturais”.

Esses achados, observa Feter, devem ser entendidos como um primeiro raio-x da deterioração do atendimento de saúde entre pacientes pretos e pardos com demência, como um sinal de alerta que requer a realização de novos estudos e de políticas públicas, e como um disparador de uma discussão inadiável no Brasil.

“A expectativa é que os casos de demência no Brasil quadrupliquem nos próximos 30 anos. Sem estratégias eficazes e imediatas, um aumento nessa disparidade é provável. Precisamos trazer essa discussão para dentro do plano nacional de combate à demência”, afirma. “Uma ação coordenada de prevenção e conscientização é urgente. Caso contrário, o cenário que nos aguarda em 2050, quando o número de pessoas com demência atingir 4 milhões no Brasil, evidenciará uma disparidade maior do que a que está sendo alertada aqui.”

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Tamboreiras do mundo, uni-vos! https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/2021/09/07/tamboreiras-do-mundo-uni-vos/ https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/2021/09/07/tamboreiras-do-mundo-uni-vos/#respond Tue, 07 Sep 2021 22:50:22 +0000 https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/tamboreras-320x213.jpg https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/?p=1767 Percussionistas da América Latina e da África se reúnem a partir desta quinta-feira (9) no Malta – Encontro de Redes. Malta é a sigla para Mulheres da América Latina Reunidas pelo Tambor, e o projeto tem por objetivo aproximar instrumentistas, criar e potenciar redes, e fornecer condições para que amantes do tambor possam se aprimorar a partir da troca de saberes.

O evento, que vai até 29 de setembro, terá a participação virtual de artistas de sete países e se desdobra em diversas atividades para fomentar essa variedade de objetivos: uma plataforma de mapeamento de tamboreiras pelo mundo, um ciclo de entrevistas, nove workshops, videoconferência e bate-papo coletivo.

A iniciativa nasceu em 2016 e, além de ações no Brasil, percorreu Argentina e Colômbia na busca por conectar mulheres ao redor da prática do toque do tambor como forma de expressão, resgate e renovação de ancestralidades, proposta pedagógica e também ferramenta de transformação pessoal e social.

Nesta edição 2021, o Malta se amplia e estende a rede em formato digital. Do encontro, participam 14 instrumentistas de Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Uruguai e Ruanda.

A multiartista ruandesa Odile Gakire, que participa do encontro (Divulgação)

O ciclo tem início com uma série de conversas no Instagram, em que as convidadas contam seus projetos e experiências. Percussão afro-cubana, candombe uruguaio, congados e moçambiques mineiros, arte-educação e batuque, uso do corpo, percussão baiana, ritmos e instrumentos artesanais colombianos, percussão chilena, criações etno-musicais argentinas darão o tom dos bate-papos, sob as bênçãos da ruandesa Odile Gakire.

Referência do tambor e madrinha do encontro este ano, Gakire (ou Kiki, como prefere ser chamada) fundou o primeiro grupo profissional de mulheres em um país onde elas estavam proibidas de tocar o instrumento. A multiartista falará sobre sua trajetória em um webinar no dia 25.

Outro eixo do evento é, através de workshops, compartilhar conhecimentos sobre práticas e mercados, para gerar oportunidades de formação e inserção profissional a mulheres que constroem, tocam e criam com o tambor. A partir do dia 10, as oficinas acontecerão pelo Zoom, para participantes inscritas, mas também terão transmissão aberta para o público em geral no YouTube.

Na programação das aulas, estão canto rítmico ancestral africano, tambores do Caribe colombiano, percussão afro-peruana, consciência do “corpo-voz”, histórias e ritmos vinculados às origens do cajón, percussão baiana, pandeiro e “cueca” chilenos, tambor mineiro, a tradição uruguaia do candombe e percussão de ritmos argentinos como baguala, vidala e chacarera.

Veja a programação completa aqui 

Malta – Encontro de Redes
De 9 a 29 de setembro
Para se inscrever, clique aqui 

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Agora em versão livro, ‘Òrun Àiyé’ reimprime força e beleza ao contar mito da criação do mundo para crianças https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/2021/08/17/agora-em-versao-livro-orun-aiye-reimprime-forca-e-beleza-ao-contar-mito-da-criacao-do-mundo-para-criancas/ https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/2021/08/17/agora-em-versao-livro-orun-aiye-reimprime-forca-e-beleza-ao-contar-mito-da-criacao-do-mundo-para-criancas/#respond Tue, 17 Aug 2021 15:40:25 +0000 https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/files/2021/08/Obatalá-e-Exu-Crédito-Marcone-Silva-320x213.jpg https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/?p=1752 Primeiro foi a animação. Com “Òrun Àiyé: A Criação do Mundo” (2015), as realizadoras Jamile Coelho e Cintia Maria conquistaram festivais em 25 países e voltaram para casa com duas dezenas de prêmios, ao contar às crianças, com beleza e profundidade, alguns dos mitos vinculados ao surgimento da Terra e dos seres humanos, de acordo com a tradição iorubá.

Agora, a história que teve participação de Carlinhos Brown na vertente audiovisual, acaba de virar livro, em pré-venda na plataforma Catarse.

O festejado curta de 12 minutos, disponível gratuitamente no Itaú Cultural Play, serve de inspiração para essa nova narrativa, sob a prosa de Coelho – realizadora, escritora e CEO do Núcleo Baiano de Animação em Stop Motion.

Da esq. para a dir, Olorum, Obatalá e Odùdùa, no livro “Òrun Àiyé” (Divulgação)

No livro, um avô – tal como os tradicionais griôs (contadores de histórias) – explica o início da existência na Terra segundo a cosmogonia iorubá. Assim é como seus netos, os irmãos Antônio e Beth, conhecem divindades como Olorum, Obatalá, Odùdùa, Exu. E mergulham nas maravilhas de que são capazes – como criar vida e abundância – e também nos sentimentos que os acometem, como ciúme, orgulho e amor.

Sob o traço do arte-educador e ilustrador Marcone Silva e com contracapa do antropólogo, professor e pesquisador Vilson Caetano, em livro “Òrun Àiyé” repete o feito da animação ao conseguir abordar de forma leve, mas assertiva, bastiões da cultura africana, como o respeito aos mais velhos, à natureza, e à sabedoria armazenada e legada pelos ancestrais.

O avô da história se chama Jaime, clara homenagem a Jaime Sodré (1947-2020), professor, escritor, historiador e doutor em história da cultura negra. Falecido no ano passado, entre outros trabalhos Sodré analisou a presença e o impacto de elementos simbólicos, ritualísticos e estéticos do candomblé na criação do artista plástico, sacerdote e também escritor Mestre Didi (1917-2013), no livro “A Influência da Religião Afro-Brasileira na Obra Escultórica do Mestre Didi” (Edufba, 2006).

ÒRUN ÀIYÉ – A CRIAÇÃO DO MUNDO
Preço R$ 40 (ebook R$ 20)
Autora Jamile Coelho
Editora Emoriô
Páginas 40
Classificação indicativa 6 anos

 

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Websérie gratuita, ‘Escola do Samba’ enlaça tradição, pluralidade e novas visões de expoentes do ritmo https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/2021/07/13/webserie-gratuita-escola-do-samba-enlaca-tradicao-pluralidade-e-novas-visoes-de-expoentes-do-ritmo/ https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/2021/07/13/webserie-gratuita-escola-do-samba-enlaca-tradicao-pluralidade-e-novas-visoes-de-expoentes-do-ritmo/#respond Tue, 13 Jul 2021 14:52:07 +0000 https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/files/2021/07/Dofona2cred.Milena-Heluana-320x213.jpg https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/?p=1734 O samba como ferramenta cultural de transformação social. Esse é o pilar que há 13 anos sustenta o festival Escola do Samba, nascido no Morro do Querosene, em São Paulo, e que resiste à pandemia para continuar sua tradição em formato virtual.

A partir do próximo sábado (17), os encontros entre comunidade e músicos, de diferentes vertentes do ritmo, acontecem em formato de websérie.

Seis episódios de 52 minutos mostrarão, em estreias semanais, histórias, depoimentos e composições de protagonistas dos batuques de matriz africana em sua reverência a uma expressão que celebra a memória dos terreiros, a riqueza afro-brasileira e a renovação cotidiana dessa identidade em verso, prosa, ritmo e realidade.

Sambilê, grupo presente desde as origens do Escola do Samba (Milena Heluana/Divulgação)

“Nos sambas, cada poesia carrega consigo uma narrativa, uma história cantada, uma fotografia versada, uma memória que retrata nossa ancestralidade, nossa identidade cultural negro-brasileira
que luta cotidianamente para não ser invisibilizada em uma sociedade eurocêntrica e colonialista”, afirma João Nascimento, diretor e idealizador do festival, e também curador do encontro, ao lado de Dinho Nascimento e Paulo Dias.

Em cena nessa edição do Escola do Samba, realizado pelo Instituto Nação, estarão o samba de roda de terreiro de Mestra Dofona (que abre a série, no dia 17) e, na semana seguinte, o Batuque de Umbigada Mestre Herculano, grupo nascido na cidade paulista de Tietê.

No sábado posterior, ocupam o palco virtual o jongo de Mestra Jociara -fundadora do grupo Filhos da Semente, de Indaiatuba (SP)- e a sonoridade de Madjáh, herdeiro da tradição da marujada e do samba de roda de Saubara, no Recôncavo Baiano.

No dia 7 de agosto, é a vez do “samba de raiz” de Roberta Oliveira e Raquel Tobias; no dia 14, o encontro exibe o trabalho do grupo Sambilê -conjunto permanente formado por músicos que acompanham os convidados do festival desde 2008-, e no último sábado da programação, 21 de agosto, o ciclo chega ao final com o samba maranhense de Tião Carvalho.

Escola do Samba
Todos os sábados, a partir de 17 de julho, sempre às 21h; grátis
Para assistir, clique aqui

 

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Bolo, nada! Feijoada: Tia Surica celebra 80 anos com CD e ação gastronômica https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/2021/06/21/bolo-nada-feijoada-tia-surica-celebra-80-anos-com-cd-e-acao-gastronomica/ https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/2021/06/21/bolo-nada-feijoada-tia-surica-celebra-80-anos-com-cd-e-acao-gastronomica/#respond Mon, 21 Jun 2021 21:29:09 +0000 https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/files/2021/06/Surica_destaque-320x213.jpg https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/?p=1717 Tia Surica deixou que o tempo ditasse o ritmo dos seus festejos quando completou 80 anos. A data chegou em 17 de novembro do ano passado, mas a celebração acontece só agora – em compensação, foi planejada não para um único dia, mas para um mês. E não apenas ela ocupa o centro da comemoração, mas uma série de restaurantes do Rio de Janeiro e de São Paulo.

A histórica pastora da Portela, nascida Iranette Ferreira Barcellos, está lançando “Conforme eu sou”, CD com interpretações suas de Manacéa (1921-1995), um dos pilares históricos da escola e que a levou para a Velha Guarda. Além das 11 canções do compositor, Tia Surica também canta “Volta, meu amor”, feita em parceria entre Manacéa e a filha do músico, Áurea Maria.

Fiel ao talento vocal e culinário que a caracteriza – sua feijoada é um dos patrimônios cariocas -, ela decidiu aliar sua novidade musical a uma ação de fortalecimento de seis restaurantes no Rio e em São Paulo. O objetivo é contribuir para manter os locais com bom volume de pedidos apesar da pandemia.

CD traz interpretações para canções de Manacéa (Foto: Thais Monteiro/Evo Mídia/Divulgação)

Em funcionamento até o final deste mês, quem quiser participar do combo proposto pela artista para nutrir o paladar e a audição deve encomendar uma refeição nos estabelecimentos parceiros da pastora e, pagando mais R$ 30, receber o CD junto com o pedido.

Para comprar apenas o CD, diretamente, Tia Surica vende o álbum através do e-mail tiasurica80@gmail.com.

Os restaurantes e pratos que participam do projeto são:

No Rio:
Chef Lenaide Mota – quitutes baianos
Área de atendimento: Zona Sul, Barra da Tijuca, Recreio, Vargem Grande, Vargem Pequena, Madureira, Oswaldo Cruz, Marechal Hermes, Irajá, Cascadura, Sampaio, Quintino, Engenho de Dentro e toda a região de Jacarepaguá
Pedidos: 21 97013-1575

Casa Porto – feijoada
Área de atendimento: Da Gávea/Leblon até o Méier. Entrega grátis para o Centro, Região Portuária, Lapa, Bairro de Fátima, Glória, Catete, Flamengo e Estácio
Pedidos: 21 99815-1568

Em São Paulo:
Sparky’s – montadinho árabe
Área de atendimento: Centro, Jardins, Zona Oeste, Zona Norte
Pedidos: 11 97318-3469

Chef Thaís – entre as especialidades, doces como o brigadeiro de dendê
Área de atendimento: Mooca, Aclimação, Ipiranga, Vila Prudente, Sacomã, Ibirapuera, Saúde, Vila Mariana, Vila Clementino e Moema
Pedidos: 11 95052-6577

Chef Domenica/Casa Mariinha – feijoada
Área de atendimento: Zona Leste e Guarulhos
Pedidos: 11 98630-6879, 11 2667-2077

Chef Mônica – macarronada com frango assado
Área de atendimento: Vila Andrade, Jardim São Luís, Jardim Monte Azul, Terminal João Dias, Parque Regina, Parque Arariba, Jardim Maracanã, Terminal Capelinha, Campo Limpo, Metrô Capão Redondo, Jardim Taboão, até o número 2000 da avenida Giovanni Gronchi
Pedidos: 11 95109-6831 e 11 99289-5947

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‘Meu pai talvez tenha nascido no país errado’, diz filho de Tim Maia https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/2021/06/05/meu-pai-talvez-tenha-nascido-no-pais-errado-diz-filho-de-tim-maia/ https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/2021/06/05/meu-pai-talvez-tenha-nascido-no-pais-errado-diz-filho-de-tim-maia/#respond Sat, 05 Jun 2021 17:04:58 +0000 https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/files/2021/06/Carmelo-e-Tim-Maia-1-320x213.jpg https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/?p=1705 Meio século depois de gravadas, as tentativas de Tim Maia (1942-1998) de eternizar sua voz em território hispânico se tornam públicas e palpáveis em “Yo te amo”. O disco lançado recentemente, em que o cantor e compositor interpreta em espanhol temas hoje emblemáticos da sua carreira, foi organizado pelo filho do artista, Carmelo, a partir dos registros que encontrou nos arquivos da gravadora Vitória Régia, em meio aos trabalhos de digitalização de parte do acervo do pai.

“No momento desse álbum, ele só tinha 28 anos, mas era um visionário. Você na década de 70 gravar um disco em espanhol para alçar outras tribos… Foi uma surpresa porque ele nunca me falou que havia gravado, se frustrado e deixado de lado esse master”, diz Carmelo Maia a Preta, Preto, Pretinhos.

Entre as nove faixas do álbum em castelhano estão “Azul da cor do mar” e “Primavera”, que contaram com um processo de meses de restauração e remasterização do engenheiro de som André Dias.

Ainda no início da carreira discográfica (o primeiro álbum solo do artista, “Tim Maia”, havia sido lançado em 1970, mesma época das gravações de “Yo te amo”), o esforço do carioca em traduzir seu repertório descortina também a semente do que seria uma nova investida no mercado internacional, depois da experiência nos EUA (entre 1959 e 1964), onde foi preso por porte de maconha e depois deportado.

“Acho que o Brasil ganha com o Tim Maia, mas infelizmente os brasileiros ‒não todos, mas a grande maioria- não dão tanto valor à cultura, como os japoneses dão, como os norte-americanos dão”, afirma Carmelo. “Meu pai talvez tenha nascido no país errado. Se ele não tivesse sido expulso dos EUA, ele teria seu real valor. Ele foi um cometa que passou por aqui. É atemporal.”

“Yo te amo”
Tim Maia
Altafonte
Para escutar, clique aqui

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Chiquinha Gonzaga, Dolores Duran e Elizeth Cardoso ressoam ‘assumidas e contextualizadas’ em festival https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/2021/05/14/chiquinha-gonzaga-dolores-duran-e-elizeth-cardoso-ressoam-assumidas-e-contextualizadas-em-festival/ https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/2021/05/14/chiquinha-gonzaga-dolores-duran-e-elizeth-cardoso-ressoam-assumidas-e-contextualizadas-em-festival/#respond Fri, 14 May 2021 21:34:24 +0000 https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/files/2021/05/Divinas-Brasileiras_o-projeto-003-min-320x213.jpg https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/?p=1698 Em releituras e mergulhos nas trajetórias de Chiquinha Gonzaga, Dolores Duran e Elizeth Cardoso, intérpretes como Nilze Carvalho, Fabiana Cozza, Ná Ozzetti e Zélia Duncan, entre outras vozes, participam do festival Divinas Brasileiras, que acontece de forma virtual a partir deste domingo (16).

Concebido em forma de documentário, o encontro celebra o legado das históricas artistas em três domingos consecutivos de maio. Também instrumentistas e pesquisadores se unem para reconstituir vida, obra e época em que elas viveram, ao mesmo tempo em que canções emblemáticas das homenageadas ganham novas interpretações, ao lado de depoimentos afetivos que acompanham esse panorama.

“Mostramos a história de três mulheres que foram empreendedoras, que passaram por situações de preconceito, que tiveram sua origem afro-brasileira diversas vezes minimizada em suas biografias, relatos e encenações como grandes intérpretes, compositoras e instrumentistas”, afirma ao blog a diretora geral do evento, Adriana Saldanha.

O festival, em sua primeira edição e ao reunir as produções, triunfos, lutas e dissabores dessas mulheres, protagonistas na história da música brasileira, vem “fortalecer nossa produção cultural e artística, e afirmar que o país só se consolida com uma educação, com uma arte, com uma cultura verdadeiramente assumida e contextualizada”, diz Saldanha, também diretora do Instituto Mpumalanga, criador do encontro.

1º Festival Divinas Brasileiras
Documentários musicais, sempre às 17h, aos domingos, nos dias 16, 23 e 30 de maio
Pelo canal de YouTube do Instituto Mpumalanga – www.youtube.com/institutompumalanga

16 de maio
Homenageada: Chiquinha Gonzaga
Com: Nilze Carvalho, Choronas, Hércules Gomes, Maíra Freitas, Luísa Mitre, Cacá Machado e Carô Murgel

23 de maio
Homenageada: Dolores Duran
Com: Fabiana Cozza, Renata Jambeiro, Leila Pinheiro, Izzy Gordon, Denise Duran, Nina Becker e Rodrigo Faour

30 de maio
Homenageada: Elizeth Cardoso
Com: Ná Ozzetti, Luciana Oliveira, Zélia Duncan, Izabella Bicalho, Zé Manoel e Lucas Nobile

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Curso resgata (e renova) ensinamentos de Mário de Andrade em missão de documentação da cultura afro-brasileira https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/2021/05/04/curso-resgata-e-renova-ensinamentos-de-mario-de-andrade-em-missao-de-documentacao-da-cultura-afro-brasileira/ https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/2021/05/04/curso-resgata-e-renova-ensinamentos-de-mario-de-andrade-em-missao-de-documentacao-da-cultura-afro-brasileira/#respond Tue, 04 May 2021 20:06:56 +0000 https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/files/2021/05/01.-Foto-Acervo-CCSP-320x213.png https://pretapretopretinhos.blogfolha.uol.com.br/?p=1687 A missão idealizada por Mário de Andrade (1893-1945) ao Norte e Nordeste do Brasil, em 1938, e que está na gênese dos mapeamentos brasileiros de comunidades tradicionais, é tema de curso virtual que a Casa Mário de Andrade começa no mês que vem. As aulas de “Missão de pesquisas folclóricas: Memória e cultura afro-brasileira” têm início no dia 16 de junho e serão dadas por Alexandre Araujo Bispo, doutor e mestre em antropologia social pela Universidade de São Paulo.

“Mário de Andrade, que era um homem negro, foi o primeiro funcionário público de cultura do país. Desde 1937 vivíamos sob o Estado Novo, que durou até 1945. Esse regime tornou o catolicismo apostólico romano a religião oficial, o que fez com que as religiões afro-brasileiras, que sempre foram perseguidas, sofressem novas repressões”, contextualiza Bispo.

“A importância da missão está no fato de que para o grupo que fez a viagem o candomblé, o catimbó, o tambor de crioula, o tambor de mina e outros cultos deviam ser respeitados porque eram parte da cultura brasileira”, diz o antropólogo ao blog. “Mais de 80 anos depois, quando a intolerância religiosa aumenta assustadoramente no Brasil, a missão nos deixa uma lição de respeito à diferença de crença e culto.”

Projeto de Mário de Andrade percorreu Norte e Nordeste brasileiros (Foto: Acervo CCSP)

Em quatro módulos, o curso aborda os seguintes temas: “Antes de 1930: Mário de Andrade, viagem, conhecimento e sociabilidades modernas”; “Raça e relações raciais: a explicação biológica e a explicação cultural antes e depois da década de 1930”; “Estado Novo; Mário de Andrade como gestor público; Missão de Pesquisas Folclóricas (1938)” e “Atualidade: cultura material afro-brasileira, movimentos sociais e repatriação/restituição de acervos”.

“Apesar de vivermos em um momento de maior visibilidade de pessoas negras na sociedade brasileira, não nos esqueçamos de que o que predomina é a vulnerabilidade”, afirma Bispo. “É preciso parar de falar em contribuição da população negra e indígena para o país. Ninguém mais aguenta contribuir tanto para a história deste país, que vinha diminuindo uma série de desigualdades e hoje está no Mapa da Fome e tem 408 mil mortos por Covid-19.”

Também a partir do presente do país, o pesquisador analisa os objetivos e legados da missão concebida pelo modernista, quando foi diretor do Departamento de Cultura de São Paulo, entre 1935 e 1938.

“Não dá para conhecer o Brasil sem conhecer a história das populações negras africanas, afro-brasileiras e indígenas. Aliás, o programa de Mário de Andrade para cultura e educação segue, ainda hoje, não realizado. Sabe por quê? Porque no Brasil sobra vandalismo e extermínio cultural, ou, se quisermos usar um termo em voga, epistemicídio.”

As aulas ficarão disponíveis aos inscritos durante um mês, até 16 de julho, para que o aluno possa acompanhar o curso em seu próprio ritmo.

Curso: Missão de pesquisas folclóricas: Memória e cultura afro-brasileira
Onde: Casa Mário de Andrade, através de suas plataformas virtuais
Quando: entre 16 de junho e 16 de julho
Inscrições: até 15 de junho, aqui
Taxa de inscrição: R$ 70

 

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