“Você não precisa gostar do meu corpo”, afirma Serena Williams

A tenista Serena Williams em ensaio para a revista "Self" (Mark Seliger)
A tenista Serena Williams em ensaio para a revista “Self” (Mark Seliger)

Serena Williams chegou ontem ao Rio de Janeiro com longas tranças, leggings, óculos de grau e nenhuma pose. Segundo conta o tabloide britânico “Daily Mail” com certo espanto, no aeroporto colocou sozinha no carrinho as cinco malas que levou aos Jogos Olímpicos e no mesmo dia foi para as quadras treinar com sua irmã, Venus.

Em entrevista que é a reportagem de capa da edição de setembro da revista feminina “Self”, dos EUA, Serena, que chegará aos 35 anos no mês que vem, deixa entrever que começa a se preocupar mais com seu legado simbólico do que com o desempenho imediato em competições como as Olimpíadas, cuja abertura acontece amanhã e onde vai tentar conquistar a quinta medalha de ouro.

Já desde a aparição recente no clipe de “Sorry“, uma das canções mais comentadas do supercomentado álbum “Lemonade”, de Beyoncé, Williams mostra estar interessada em desempenhar outros papéis. No vídeo, a tenista faz caras e bocas, e requebra seu potente corpo em um collant preto, enquanto Beyoncé mostra o dedo do meio durante o que se especulou ser um desabafo sobre as infidelidades do marido, Jay Z. Serena também se move ao estilo quadradinho em um tutorial que fez para a “Self”, onde ensina seus fãs a dançar.

Para quem julga que a norte-americana é corpulenta demais, o comentário negativo que mais recebe publicamente, rebate: “Amo meu corpo e não mudaria nada nele. Não peço que você goste do meu corpo. Só que me deixe ser como eu sou”, afirma à “Self”. “Porque vou influenciar uma menina que seja parecida a mim, e quero que ela se sinta bem em ser como é.”

A escolha da tenista para estrelar “Sorry”, segundo Beyoncé, teve como razão principal querer ter ao lado uma mulher que passasse “uma imagem de força”.

A força é também o eixo do depoimento da tenista à revista. Sob a ideia central “Ser forte é sexy”, que estampa a capa, Serena, que foi morar sozinha este ano e que, fora das quadras, desenha uma linha de roupas, fala um pouco sobre alguns reveses pessoais que a motivaram a atuar em diversos projetos de cunho social. A norte-americana é uma das vozes a defender com mais força a igualdade de remunerações entre homens e mulheres, também no tênis. Tem uma fundação através da qual construiu escolas na África e na Jamaica, e frequentemente se manifesta sobre a responsabilidade de ser um modelo no contexto de um esporte dominado por brancos.

Diz que em cinco anos pensa deixar as quadras, “jogar o passaporte fora”, morar em um barco ou ir embora para uma ilha, “talvez com um filho”.