Papo reto com 19 mil amigos
Apesar de contar com 19 mil integrantes, a página Intelectualidade Afrobrasileira, na web desde 2012, consegue colocar ordem na discussão dos mais variados temas, do feminismo afro-brasileiro à presença dos negros nos meios de comunicação, de empreendedorismo a partidos e eleitorado afro, do universo negro LGBT ao extermínio da juventude preta.
Criado pelo escritor e professor de inglês Durval Arantes, de 54 anos, o espaço virtual é um exercício diário para o intercâmbio de “propostas e caminhos para demandas de cidadania de primeira classe que historicamente assolam a população afrodescendente Brasil afora”, conta ele ao blog. O objetivo principal do fórum é conversar sobre “soluções positivas ante as complexidades associadas ao universo negro/preto/afro-brasileiro/afrodescendente, afrocêntrico e pan-africano. O painel estimula a publicação de tópicos que posicionem as pessoas afrodescendentes (do Brasil e do mundo) como protagonistas das reflexões”.
A página foi citada pela revista norte-americana “Ebony” –uma das mais importantes publicações da comunidade negra dos Estados Unidos– em uma reportagem sobre a presença em geral inexpressiva e em papéis subalternos dos afrodescendentes na televisão brasileira, e o debate que o Intelectualidade Afrobrasileira realizava naquele momento, em que não se descartava a recomendação de um boicote a emissoras que não empregavam negros.
Autor do romance “O Último Negro”, Durval conta que, apesar do décalogo instituído para que se mantenham regras mínimas de interação entre os integrantes do espaço (“boas práticas de convivência virtual”, como descreve), discussões acaloradas muitas vezes são inevitáveis. Alguns dos temas que mais geram polêmica, ele conta, são “a condição solitária da mulher negra” e “relações interraciais”. O grupo tem a moderação de Ana Paula Evangelista, Mayara Vivian, Adriana Xavier e Verônica Gengo.