Michelle Obama se despede da Casa Branca em um ensaio para “Vogue”

A dois meses de deixar o lugar e a função que ocupou durante os últimos oito anos, Michelle Obama posou para a revista de moda “Vogue”, que dedica sua capa de dezembro à primeira-dama norte-americana.

A advogada formada em Princeton e Harvard aparece frente às lentes da renomada fotógrafa Annie Leibovitz e conversa com a publicação sobre algumas de suas marcas ao longo da gestão de Barack Obama. Uma delas é a preocupação com a alimentação e a educação juvenis (Michelle criou dois programas, Reach Higher e Let Girls Learn –destinados a estimular a continuidade dos estudos após o ensino médio e a promover a educação de garotas em todo o mundo, respectivamente).

Parte da sua dedicação (quase obsessão) aos temas estudantis, conta ela à revista, vem da experiência desagradável que teve antes de entrar em Princeton, quando ouviu de um docente que a universidade –uma das mais prestigiosas do mundo— era “demais” para ela.

A 46ª. primeira-dama dos EUA também deixa como diferencial uma abordagem pop de um lugar geralmente visto como decorativo: deu entrevistas a Youtubers e celebridades televisivas, cantou, dançou, fez ginástica, revelou jovens estilistas.

Michelle Obama em registro que é parte da edição de dezembro da Vogue norte-americana (Annie Leibovitz/Vogue).
Michelle Obama em registro que é parte da edição de dezembro da “Vogue” norte-americana (Annie Leibovitz/”Vogue”).

Jardins

Apesar de demonstrar já sentir saudades da residência oficial (fechou um convênio com o Serviço Nacional de Parques para que, após sua saída, a agência cuide dos jardins que cultivou na av. Pensilvânia –iniciativa que será financiada com os US$ 2,5 milhões que arrecadou entre privados), afirma que o tempo passado na intimidade do poder foi “suficiente”.

“A natureza de viver na Casa Branca é o isolamento. E acho que Barack e eu –porque somos meio teimosos– mantivemos um pouco de normalidade, principalmente por causa da idade das nossas filhas”, afirma, depois de comentar que sempre tentou “manter um pé na realidade”.

Apesar disso, conta que, se possível, se dá ao luxo de deixar o outro pé bem longe de incômodos. Afirma, por exemplo, que este ano não assistiu aos debates entre Donald Trump e Hillary Clinton, e que foi aos do seu marido, em 2008 e 2012, porque “tinha de estar”.

Embora seja a candidata democrata óbvia, no momento, para disputar as próximas eleições, sua equipe considera, segundo afirmam na reportagem, que a força de Michelle reside, exatamente, no fato de não manifestar a pretensão de ocupar um lugar de poder.

A família continuará em Washington por pelo menos dois anos mais, até que a filha caçula do casal, Sasha, termine o colégio. Para fazer a transição a uma vida normal, Michelle contará com o auxílio dos amigos que fez fora do universo político, gente que a mantém “fora da bolha”, como conta uma de suas assessoras.

Com seu particular senso de humor, ao ser indagada sobre como se sentirá depois de janeiro, quando seu marido passará a presidência a Donald Trump, responde: “Não saberei até chegar lá. Nunca fui ex-primeira-dama dos EUA antes”.