É um pássaro? É um avião? Não, são as “Heroínas Negras Brasileiras”!

Quando a geração hoje na casa dos 40 anos (onde me incluo) era pequena, era comum ouvir esse bordão para anunciar o Super-Homem, a poderosa criatura inventada há quase oito décadas nos Estados Unidos, meio jornalista e meio salvador da pátria, que sobrevoava a metrópole para atacar os maus e defender os “fracos e oprimidos”. Em meio à revoada desse e de outros super-heróis da ficção ou da realidade, que habitaram de forma massiva nosso dia a dia na infância e na juventude, não se tem notícia de personagens negros. Menos ainda, de mulheres negras.

Essa é só uma das arestas que há pelo menos quatro anos Jarid Arraes trabalha para aparar, em seu trabalho constante de recuperar o valor de figuras femininas brasileiras de destaque.

A mais recente colheita da sua pesquisa pode ser vista (e lida) a partir de hoje, em São Paulo, e no dia 7, no Rio. A autora lança nas duas cidades “Heróinas Negras Brasileiras em 15 Cordéis”.

Jarid Arraes, autora de “Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis” (Divulgação).

Por meio da expressão literária que está nas veias criativas da sua família há três gerações, e acompanhada pelas belas ilustrações de Gabriela Pires –inspiradas nas xilogravuras que tradicionalmente acompanham esse tipo de narrativa–, Jarid, nascida em Juazeiro do Norte, conta um pouco da trajetória de Antonieta de Barros, Aqualtune, Carolina de Jesus, Dandara dos Palmares, Esperança Garcia, Eva Maria do Bonsucesso, Laudelina de Campos, Luísa Mahin, Maria Felipa, Maria Firmina dos Reis, Mariana Crioula, Na Agontimé, Tereza de Benguela, Tia Ciata e Zacimba Gaba.

“Iniciei esse trabalho porque me incomodava o fato de que em toda a minha vida escolar eu nunca tinha ouvido falar de sequer uma mulher negra na história do Brasil, o que também aconteceu com o conteúdo a que eu tinha acesso na mídia e nos livros.” Jarid já publicou 20 biografias de negras históricas do país e vendeu mais de 20 mil cordéis, muitos deles hoje em dia sendo utilizados por educadores em sala de aula.

“Escolhemos 15 heroínas de regiões e Estados diferentes, de períodos históricos diferentes, que lutaram em frentes diferentes e que fizeram coisas tão incríveis, tão maravilhosas, que beneficiaram a sociedade inteira até hoje. É algo que vem para ajudar a reparar mentiras que nos contaram sobre as pessoas negras no Brasil, para atestar que temos história, que temos figuras de grande importância e que elas devem ser assunto escolar, midiático, no entretenimento. Elas devem ter suas histórias contadas e reconhecidas.”

Jarid também comanda o Clube da Escrita para Mulheres, uma atividade gratuita de formação e estímulo a escritoras potenciais. “A literatura pode ser poderosa para construirmos uma realidade com equidade na mesma proporção em que pode apenas reforçar o mais do mesmo”, diz ela. “Isso vai depender do tamanho da criatividade e da consciência de quem escreve.”

Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis
Lançamento em São Paulo
Hoje, 1/6, às 19h30
Blooks Livraria
Shopping Frei Caneca (r. Frei Caneca, nº 569 – 3º piso, Consolação)

Lançamento no Rio
Dia 7/6, às 19h30
Blooks Livraria
Praia de Botafogo, 316

O livro custa R$ 35; à venda nas livrarias e em www.loja.jaridarraes.com