“Intelectuais Negras Visíveis” ou um catálogo para o “desensinamento”
Reflexões, narrativas, propostas, demandas, trajetórias ecoam vozes múltiplas, mas sempre em primeira pessoa. Olhares “de dentro”, experiências vivas e cotidianas se interconectam no catálogo “Intelectuais Negras Visíveis“, lançado na Flip este ano e que está online.
O propósito central da publicação, gestada pelo Grupo de Estudos e Pesquisas Intelectuais Negras, da UFRJ, ou o fio da meada para entender a partir de onde se propõe o diálogo, fica explícito já na capa: “Você pode substituir mulheres negras como objeto de estudo por mulheres negras contando a sua própria história”.
No catálogo, Giovana Xavier, coordenadora do Grupo de Estudos, organizadora e responsável pelo projeto editorial, fala da capacidade de um projeto assim “valorizar potências”, em uma “aposta na coletividade como fator indispensável para grandes transformações”.
“Intelectuais Negras Visíveis” é um compêndio onde se encontra um pouco do trabalho de mulheres atuantes em áreas que estão divididas em Academia e Pesquisa, Afroempreendedorismo, Artes Visuais, Artes – Cinema, Dança, Música, Teatro e TV, Coletivos de Mulheres Negras, Comunicação e Mídias, Direitos Humanos, Educação Básica, Intelectuais Públicas, Literatura, Educação Básica, Saúde.
A seleção, conta a equipe de pesquisa, é fruto de um trabalho coletivo e de depuração em reuniões semanais durante seis meses, acompanhado por um comitê consultivo de especialistas. Entre os critérios, a busca por refletir diversidade etária, regional, de classe, de gêneros e sexualidades. Neste primeiro volume, a obra traz 153 profissionais de todas as regiões do Brasil.
Tantos exemplos reunidos mostram e estimulam muitos caminhos, oferecem variados espelhos e permitem o contato imediato com mulheres que criam, em seu dia a dia, a possibilidade de novos mundos. Diz Giovana Xavier: “Também é uma obra concebida como política de desensinamento dos lugares esperados para mulheres negras no país”.