“Ela Quer Tudo”, de Spike Lee, chega à Netflix em novembro
Trinta anos depois, Nola Darling, a mulher desconcertantemente livre criada por Spike Lee em “She´s Gotta Have It” (1986), traduzido no Brasil como “Ela Quer Tudo”, volta às telas –dessa vez à telinha da plataforma audiovisual por streaming.
Em 23 de novembro, o longa-metragem em preto-e-branco que marcou a estreia do diretor afroamericano no cinema chega à Netflix em formato de série. Nola Darling, vivida originalmente por Tracy Camilla Johns, agora ganha vida através de DeWanda Wise. Veja o trailer aqui.
Em formato coral e com algo de teatral e de falso documentário, o filme –um marco da cinematografia independente e negra dos EUA, rodado em 12 semanas ao custo de US$ 175 mil—apresenta três histórias de relacionamentos improváveis que têm Nola como ponto em comum. Ela é uma jovem artista do Brooklyn nova-iorquino que não busca o amor –nem sequer o poliamor–, mas sim a liberdade total, profissional, familiar, do corpo e da mente. “We´re not in love, we´re in like” (algo como “Não estamos apaixonados, gostamos de estar juntos”), diz a um dos seus namorados em determinado momento do filme.
De forma simples e direta, com diálogos inventivos, personagens interessantes e fotografia e música notáveis, Lee oferece um olhar original à época sobre o assombro de três homens frente a uma mulher que foge de parâmetros considerados normais.
Ela se relaciona com Jamie, um rapaz certinho, trabalhador e sensível, que representa a garantia de um futuro sem turbulências. Também aos seus pés está Mars (encarnado pelo próprio Lee, em uma das melhores atuações do filme), eterno garoto, sem emprego, sem ambições e com muita lábia. E, por fim, ainda tem lá seus momentos com Greer, belo, narcisista e esnobe (um “pseudonegro”, como diz Mars, durante um hilário jantar de Ação de Graças), que lhe oferece uma vida de glamour e vazio emocional.
Com essa nova versão, Lee assume pela primeira vez o comando de uma série. Em 10 episódios, se debruça novamente sobre as aventuras e desventuras de Nola. Resgatada dos idos da década de 80, a personagem hoje pode ser vista como um ícone do que seria depois uma nova sensibilidade no tocante a representaçãoes e exigências da mulher negra, não só nas artes como na vida.