Autor -ao lado de Wagner Tiso- de “Coração de Estudante”, música de 1983 identificada com o movimento pelas Diretas Já (que reivindicava a realização de eleições diretas para a Presidência da República ao final da ditadura militar), Milton Nascimento diz querer se desligar por completo da corrida eleitoral deste ano.

O cantor e compositor está viajando pelo Brasil com a turnê atual, “Semente da Terra”, e, por conta desse projeto, se prepara para voltar ao Uruguai depois de mais de uma década. “Na época em que a gente fez ´Coração de Estudante´, eu e o Wagner, estava aquela coisa da ditadura. Agora, passaram-se tantos anos, está tudo aqui do mesmo jeito. Então, não vou votar em ninguém, não quero saber de nada, só quero saber da música”, afirmou ao Preta, Preto, Pretinhos.

Após 11 anos de ausência, o artista se apresenta em Montevidéu em 1o. de outubro. No Uruguai, Milton tem grandes amigos, músicos que são parte de sua trajetória latino-americana, como Hugo Fattoruso, multiinstrumentista e compositor que o acompanhou em concertos pelo mundo e ao piano em discos como “O Planeta Blue na Estrada do Sol”, de 1991. Também consta do repertório do carioca-mineiro uma versão consagrada de um clássico uruguaio, “Biromes y Servilletas”, do compositor montevideano Leo Masliah.

Antes, neste mês o artista passa por Salvador (onde toca na Concha Acústica, no dia 16) e Porto Alegre (no Auditório Araújo Viana, no dia 28).

Se a política partidária não o atrai mais, a música cativa Milton mais do que nunca. “Continuo ouvindo muitas coisas em casa, com meu filho. Há vários artistas aparecendo e que eu amo, de coração. Ultimamente, de quem mais gosto é do Tiago Iorc, uma figura sem precedentes na música brasileira, melhor do que todo o mundo.”