Universidade Estadual de Lagos (Nigéria) cria Centro de Estudos Afro-Brasileiros
Em duas semanas, Nigéria e Brasil estreitarão, academicamente, laços que existem há séculos, historicamente.
A Universidade Estadual de Lagos (Lagos State University – Lasu), na cidade de Ojo, no país africano, está em processo de implementação do Centro de Estudos Afro-Brasileiros, que passará a receber inscrições a partir de uma página na internet prevista para entrar em funcionamento em 15 dias.
O centro terá como objetivo promover pesquisas sobre o patrimônio cultural, arqueológico e arquitetônico brasileiro na Nigéria, servir de elo de ligação com a Associação dos Descendentes Brasileiros (que reúne lagosianos de ascendência afro-brasileira) na Nigéria, fomentar investigações sobre direitos humanos nos dois países e intercâmbios sociais, econômicos, comerciais e culturais entre acadêmicos, intelectuais, formuladores de políticas públicas, empresários e institutos de pesquisa afro-brasileiros no Brasil e na Nigéria, e seus congêneres em outras partes do mundo.
O criador e diretor da instituição é o PhD em linguística e estudos portugueses Tayo Ajayi, que conta a Preta, Preto, Pretinhos como surgiu a iniciativa: “Fiz meu doutorado no Brasil, na Universidade Federal de Minas Gerais. Trabalhei sobre as contribuições da língua iorubá para o português falado no Brasil. Aí descobri o enraizamento da cultura e da religião do povo iorubá no Brasil. Na Nigéria, existem bairros dos descendentes brasileiros, descendentes dos retornados depois da abolição da escravidão. Assim, no meu regresso à Nigéria, elaborei uma proposta desse centro, que foi aprovado pelo Senado da Universidade Estadual de Lagos em 2004”.
Na base de todas as atividades do centro, instalado no Departamento de Línguas Estrangeiras da universidade, está o objetivo maior de promover uma maior compreensão do Brasil e da realidade afro-brasileira entre os nigerianos, e de dotar os pesquisadores brasileiros de informações sobre a história, cultura e relações de contato da Nigéria com o Brasil. Também oferecer capacitação em português para nigerianos que desejam realizar o Celpe-Bras (exame de português para quem planeja estudar no Brasil).
“Queremos servir como um centro de sensibilização, conscientização e referência de excelência na África para os afro-brasileiros, bem como para os intelectuais interessados nas questões e na consciência afro-brasileira em todo o mundo”, diz o diretor da entidade.
O instituto também vai oferecer uma bolsa para brasileiros interessados em aprofundar seus estudos na Nigéria. Explica Ajayi: “O centro vai incentivar estudantes de pós-graduação e intelectuais do Brasil e de outros países a vir e passar três meses em qualquer instituição na Nigéria. Esses acadêmicos participarão das atividades do centro enquanto estiverem fazendo suas pesquisas. Também montaremos um Curso de Língua Iorubá onde os brasileiros podem vir melhorar o idioma e ter um diploma na língua”.