“Conhecendo os Orixás” é uma coleção de 18 títulos que têm por objetivo contar aos pequenos leitores alguns dos principais mitos associados às divindades da mitologia africana mais populares no Brasil. Os dois primeiros volumes da série já estão disponíveis: “Conhecendo os Orixás – De Exu a Oxalá”, que abre a coleção com um apanhado das principais características das deidades, e “Exu: Dois Amigos e Uma Luta”, dedicado especialmente a esse orixá.

Construída com uma narrativa entretenida e fartas ilustrações, a coleção, publicada pela Arole Cultural, tem como outro dos seus maiores propósitos “convidar o leitor a querer saber mais, por apresentar situações muito próximas da vida real, demonstrando quão próximos estamos do sagrado, no cotidiano”, diz ao blog Waldete Tristão, doutora em educação pela USP e coordenadora do projeto.

“Como profissional da área de educação infantil, posso dizer que há algum tempo tem sido possível encontrar narrativas comprometidas com esse conteúdo, mas em algumas delas o que observo é uma inadequação textual ou ilustrações pouco convidativas ou estereotipadas. Mas é importante dizer que, embora tenha um caráter educativo, esse livro não se insere na categoria dos didáticos, enquanto finalidade”, afirma.

As primeiras reações aos livros iniciais da série mostram que levar os mitos dos orixás para perto do cotidiano dos leitores também ajuda a derrubar preconceitos, segundo conta a coordenadora: “As pessoas têm feito contato pelas redes sociais para relatar a aceitação e o interesse dos filhos, alunos e até mesmo de adultos”. Tristão comenta que o que se tem visto é que as narrativas “descortinaram horizontes, no sentido de as pessoas compreenderem a relevância desse conteúdo para si mesmos e reconhecerem seus preconceitos em relação aos orixás, o que, de alguma maneira, auxilia na possibilidade de desconstruí-los.”

Atuante na educação infantil paulistana há mais de três décadas, com atividades relacionadas também à docência em cursos de formação contínua e continuada para professores e gestores, com enfoque nas relações raciais, a coordenadora detalha alguns dos principais fatores ao quais está atenta, para o desenvolvimento do restante da coleção. “Especialmente nos próximos livros, nos quais as narrativas serão construídas a partir de itans – que são histórias que envolvem os orixás e falam do cotidiano africano e afro-brasileiro, e que revelam ensinamentos e sabedoria -, penso que nosso maior desafio será realizar uma escrita que torne a leitura interessante, especialmente para as crianças, e que ao mesmo tempo garanta a fidelidade ao conteúdo original, sem deixá-lo denso ou de difícil compreensão.”