Aplicativo malinês ajuda a driblar analfabetismo nas redes sociais
Lenali é um aplicativo que vem “triplicando” o rendimento de comerciantes e clientes analfabetos no Mali ou que não dominam o francês, segundo vários depoimentos que vêm inundando publicações locais.
Trata-se de uma ferramenta gratuita pensada para empreendedores e consumidores que, sem saber ler nem escrever, estavam à margem da promoção de produtos por meio de materiais escritos no mundo virtual. De acordo com dados das Nações Unidas, o nível de alfabetização no Mali é de apenas 33%.
O autor do app é Mamadou Gouro Sidibe, engenheiro com mestrado e doutorado em tecnologia da informação pela Universidade de Versalhes, e a ideia do Lenali surgiu quando o gerente de uma loja pediu ajuda a Sidibe para entender uma mensagem escrita em francês no chat do seu celular.
O engenheiro, que trabalhou em empresas de tecnologia francesas antes de se dedicar totalmente ao projeto, desenvolveu com recursos próprios e da família o que hoje diz ser a única plataforma social totalmente oral disponível em idiomas locais, como bambara, soninke, sonrai, wolof, além do francês oficial no país. Um dos impulsos do inventor da plataforma era o dado de que, como comenta, “apenas 20% dos malineses” usavam redes sociais por conta do obstáculo educativo.
No Lenali, todos os dispositivos, de perfis a comentários sobre fotos (as “fotos sonoras”), têm formato de áudio, e essa é a diferença, detalha Sidibe, em relação a outras redes sociais mais populares na internet.
Ele planeja ampliar o leque de idiomas da ferramenta para poder atender a usuários em outros países africanos que também padecem de altas taxas de analfabetismo. Dados da Unesco indicam que 38% dos adultos na África são analfabetos; dois terços deles são mulheres.