Em ´Sulwe`, Lupita Nyong’o fala de colorismo para crianças
Como a mais escura da minha família, me uno a Lupita Nyong’o – atriz mexicana-queniana vencedora do Oscar por “12 Anos de Escravidão” – e dou fé de que, na infância, ser a “roxinha”, mesmo em meio a outros negros, pode não ser fácil. E essa é justamente a história de “Sulwe” (“estrela”, no idioma luo), garota que aprende a amar o tom de pele que tem (“como o da meia-noite”) e a entender seu valor para além das percepções sociais de “feio” ou “bonito”.
A narrativa compõe o livro infantil escrito pela atriz – também figura central de “Pantera Negra” -, com ilustrações da premiada artista Vashti Harrison. Foi lançado nos países de língua inglesa e em português no Brasil, onde pode ser comprado no momento pela Livraria da Travessa e pela Amazon.
Em entrevista a Oprah Winfrey para o lançamento da obra, no último sábado (26), Lupita – que foi considerada a mulher mais bonita do mundo pela revista norte-americana “People” em 2014 – falou de colorismo em Hollywood e do que a levou a escrever uma história para crianças sobre o tema.
Colorismo (termo usado pela primeira vez em 1982, pela escritora Alice Walker), ou pigmentocracia, designa o tipo de descriminação que privilegia os mais claros em detrimento dos mais escuros, para além do racismo que incide sobre todos os elementos desse mesmo grupo. Pode ser detectado facilmente na publicidade, por exemplo, onde modelos negras de pele clara são mais frequentes do que as de tez escura.
“Superei o peso de me sentir subvalorizada e feia”, disse a atriz, que recordou um caminho antes já trilhado, no mundo da moda, pela modelo sudanesa Alek Wek. “Vi como a beleza podia ser uma possibilidade em mim”, afirmou.
Sobre os anos em que se sentiu menos atraente, inclusive a partir de observações recebidas dentro de casa, comentou que essa situação lhe permitiu “desenvolver outras partes de mim, o que me faz participar da beleza agora de outro jeito”. Por fim, Lupita disse que não desejava tratar de colorismo junto às crianças como um “fardo”, mas sim inspirar, “dar um bom uso” ao que alguma vez foi sua “dor”.
SULWE
Preço entre R$ 45 e R$ 49 (48 págs.)
Autora Lupita Nyong’o, com ilustrações de Vashti Harrison
Editora Rocco Pequenos Leitores