Startup carioca se propõe a ensinar diversidade para empresários

Com uma pitada de humor, mas sem fazer piada, a Carbon -startup recém-lançada que oferece conteúdo audiovisual corporativo por assinatura – quer mostrar que diversidade é um bom negócio, mas que a inclusão tem que ser feita de verdade. Só propagandear o perfil do único funcionário negro nas redes sociais, por exemplo, não adianta. Nem sair aos quatro ventos propalando que há um programa de “diversificação do capital humano”, sem que se dê a mínima, na hora da contratação, para o perfil profissional dos escolhidos – tema, aliás, do primeiro vídeo da empresa, intitulado “Cota”.

“Diversidade é um tema que começou a ser trabalhado recentemente dentro das organizações e que está ganhando cada vez mais força. Existem casos de grandes players que estão sofrendo pressão dos investidores ou que até mesmo perderam concorrências de mercado por não terem um programa de diversidade. Seja pelo amor ou pela dor, as marcas precisam cada vez mais se posicionar”, dizem ao Preta, Preto, Pretinhos os publicitários Daniel Leal e Marcelo Cortazio, sócios na Carbon.

De fato, pesquisa realizada pela consultoria norte-americana McKinsey em 12 países indica que empresas com maior diversidade cultural e étnica têm chances 33% superiores de alcançar resultados acima da média do mercado. “Há uma correlação clara entre diversidade étnica e de gênero, e lucratividade, mas mulheres e minorias continuam sub-representadas”, aponta o estudo.

Cena de “Cota”, vídeo da startup Carbon (Divulgação)

“Hoje existe um movimento crescente de criação dos chamados ´grupos de afinidade` dentro dos ambientes corporativos, mas a inclusão só deixa de ser um número quando há uma política de governança clara sobre o tema e o compromisso da liderança através do estabelecimento de objetivos e metas a serem cumpridas. Não dá mais para a empresa fazer uma foto do time ´diverso` para o LinkedIn e achar que está tudo bem”, afirmam os empreendedores.

Rir, para castigar os costumes

Por meio de vídeos curtos, a ideia da Carbon é dar dicas e assessorar sobre como criar um ambiente real de diversidade, e reproduzir situações por vezes flagrantemente bizarras, mas que acontecem no cotidiano, quando a ideia de inclusão é mais um slogan do que resultado de uma convicção bem informada. Os roteiros são criados, justamente, por uma equipe com profissionais “LGBTQIA+, negros, pessoas com deficiência e mulheres”, elencam Leal e Cortazio, que, com esse time, querem levar a cada narrativa experiências conhecidas, vividas ou compartilhadas.

“O humor é uma ferramenta de aprendizado que deixa o conteúdo mais orgânico e menos didático. Isso ganha ainda mais força no momento atual, em que o entretenimento está fortemente atrelado ao nosso modo de vida (todo o mundo tem uma série ou um vídeo no YouTube para indicar)”, explicam os sócios. “Claro que sempre existe a chance de algumas pessoas não considerarem a reflexão após o incômodo, mas é absolutamente normal que o vídeo não agrade a todos.”