Com poetas que representam todo o país, Slam BR chega à sua maior edição
No Brasil, o slam vem crescendo de forma “vertiginosa”, como diz a pioneira do movimento no país, Roberta Estrela D’Alva, e a prova dos nove poderá ser conferida a partir desta quinta-feira (12) e até o dia 15 de dezembro, no Slam BR – Campeonato Brasileiro de Poesia Falada.
Presente em pelo menos 20 Estados brasileiros, pulsante em 200 comunidades, representantes de todas as regiões vão se encontrar e confrontar nas “poetry slams”, batalhas de poesia falada que vêm ganhando corações e mentes do público jovem e periférico das diversas capitais do país. O vencedor do campeonato vai representar o Brasil na Copa do Mundo de Slam, que acontece na França no ano que vem.
“A principal diferença de quando tudo começou é o aumento da participação feminina. A cena do slam foi ficando mais negra e com uma participação de mulheres muito grande. Além de outras vozes silenciadas como a comunidade LGBTQ+ , não binaries, pessoas surdas… O slam no Brasil tem uma característica muito forte de ser feito na rua. São poucos os que acontecem em lugares fechados como o ZAP!”, conta Roberta, diretora do projeto e introdutora das batalhas no Brasil, algo que surgiu nos anos 80 nos EUA e que vêm reunindo poetas de mais de mil comunidades ao redor do mundo.
O torneio traz os campeões do slam em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Espírito Santo, Pernambuco, Ceará, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Pará, Mato Grosso, Paraíba, Rio Grande do Norte e Acre. Nessa batalha, o júri é o público, que atribui notas aos poemas falados.
“O slam é um lugar muito democrático, que está aberto para qualquer pessoa falar , sobre qualquer assunto . Os slams têm um pouco essa cara de ágora, essa roda onde se debatem as questões da atualidade . O grande lance é que a política está aliada à poética. Esse ao ao meu ver é um grande ganho para alcançarmos outros níveis no debate”, diz Roberta ao Preta, Preto, Pretinhos.
Neste ano, o campeonato homenageia dois poetas muito ativos e de referência na periferia paulistana, que faleceram em 2019: Tula Pilar Ferreira, poeta negra, mineira, colaboradora da revista Ocas” e participante ativa de saraus; e Marco Pezão, agitador cultural e cofundador da Cooperifa, ao lado de Sérgio Vaz.
Além das apresentações, o Slam BR também vai oferecer workshops gratuitos e abertos ao público. As atividades terão transmissão em tempo real na página do evento no Facebook.
“O que a gente tenta fazer é não deixar a parada se institucionalizar demais. As comunidades de slam no Brasil são livres, autogeridas, e a nossa função é organizar da melhor maneira possível para reunir essa potência nesses dias que duram o Slam BR. Durante o ano estamos em contato com as comunidades, mas cada uma funciona de acordo com o seu contexto geográfico, social, cultural”, afirma a organizadora. “O filme ‘Slam: Voz de Levante’ tem sido exibido e contribuído bastante para a difusão do slam. Assim como os vídeos na internet e o intercâmbio de poetas nos Estados a partir de seu encontro em campeonatos.”
Slam BR 2019
* Esquenta: 11.12, às 20h
Exibição do documentário “Slam: Voz de Levante” (dirigido por Roberta Estrela D’Alva e Tatiana Lohmann), seguido de debate com Roberta Estrela D’Alva e o MC Lucas Afonso
Galeria Olido (av. São João, 473, São Paulo, SP), grátis
* Slam BR (com Núcleo Bartolomeu de Depoimentos) e workshops
De 12 a 15.12
Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195, São Paulo, SP) – Ginásio Ônix (7° andar), tel. (11) 3095-9400
Veja a programação completa aqui
Entrada gratuita