Plataforma quer ampliar educação financeira através de letras de rap

Aulas de educação financeira a partir de letras de músicas de rap. Esse é o método da plataforma No Front – Empoderamento Financeiro para contribuir com a difusão do conhecimento necessário para que milhões de brasileiros rompam “com o ciclo do endividamento e conquistem independência” monetária, segundo prega a instituição.

A percepção de que “o acesso à educação financeira não chegava às regiões periféricas” foi a motivação essencial da fundadora dos cursos, a economista Gabriela Chaves. “As principais questões que nossos alunos trazem são relacionadas ao endividamento e à gestão do dinheiro para a realização de investimentos”, conta ela ao Preta, Preto, Pretinhos. “Nosso objetivo é alcançar a população negra e periférica, e tornar os conhecimentos sobre economia e finanças acessíveis para esse público.”

Em seus cursos, presenciais e online, uma equipe de educadores ensina, sem palavreados complicados e conscientes da realidade da maioria dos brasileiros, como administrar o dinheiro, praticar consumo consciente, negociar e obter técnicas para quitação de dívidas, planejar gastos e traçar metas financeiras, além de como, quando e onde investir.

Gabriela Chaves, fundadora da No Front (Divulgação)

Formada pela PUC-SP e pesquisadora do Núcleo de Estudos Afro-Americanos (Nepafro) nas áreas de gênero, raça e trabalho, Gabriela indica que o principal erro que detectam entre os alunos, na hora de administrar seus recursos, é o “uso descontrolado do crédito e a ausência de uma reserva de emergência”.

“A desigualdade social, somada à ausência de planejamento financeiro, pune com altos juros aqueles que cedem aos impulsos das compras. É assim que começa o fenômeno que tem tirado o sono de milhões de brasileiros: as dívidas”, expressa a instituição em sua página oficial.

Orientar sobre como sair dessa ciranda, algo difícil, é o objetivo número um de Gabriela e sua equipe. Sem fórmulas mágicas, sem criar ilusões e sendo realistas sobre as condições financeiras da maior parte da população.

“Não podemos colocar a responsabilidade do aumento da renda sob os cidadãos. Existem fatores macroeconômicos que explicam a recessão econômica que o país está vivendo. Nesse sentido, é fundamental que o governo adote medidas para aumentar a produção nacional. O cidadão, infelizmente, precisa aprender a administrar os recursos disponíveis da melhor forma possível para manutenção da sobrevivência”, afirma. “Nós sabemos que a questão do empreendedorismo tem sido apontada como a grande resposta para a crise do emprego, mas essa é uma solução pouco eficaz na medida em que a economia continua num ciclo recessivo.”