Criada no Rio, plataforma Bombozila oferece, de forma gratuita, mais de 20 documentários sobre a diáspora africana

Conteúdos sobre o movimento Black Lives Matter, nos EUA, sobre a realidade das pessoas em situação de rua em São Paulo, sobre os desafios cotidianos da população negra e indígena no Brasil. Tudo isso (mas não só) se reúne em um espaço virtual de acesso gratuito que oferece mais de 20 documentários, por exemplo, só sobre “Diáspora Africana”, uma das várias categorias sob a qual estão organizados os filmes. Trata-se da Bombozila, plataforma de streaming criada no Rio de Janeiro que hoje já conta com cerca de 500 produções.

A Bombozila funciona através de doações e de forma colaborativa: além de conteúdos próprios, disponibiliza filmes e séries documentais de coletivos parceiros, em geral pequenos produtores ou grupos de cine comunitário, exibidos com o objetivo de fomentar o conhecimento e o debate sobre desafios, conjunturas e problemas sociopolíticos brasileiros e mundiais. Meio ambiente, saúde, luta pela terra, movimentos estudantis e identidade de gênero são outros dos temas que possuem lugar de destaque na plataforma.

Criada pela radialista e pesquisadora chilena Sabina Alvarez e pelo documentarista brasileiro Victor Ribeiro, a iniciativa tem como fim imediato abrir espaço para documentários que retratam realidades contemporâneas do ponto de vista de quem é afetado pelos acontecimentos. A matriz sul-americana se reflete na oferta de produções, em sua maioria latinas, e na vocação internacionalista da plataforma – funciona em português, espanhol e inglês.

Oficina de audiovisual com celular da escola Tambor (Reprodução)

“No cenário político em que vivemos, com fake news, desinformação, ataques aos agentes culturais e ao cinema propriamente, os documentários retomam a importância de apresentar outras narrativas dos fatos e contestar a verdade oficial”, afirma Ribeiro.

Na categoria “Diáspora Africana”, alguns dos títulos à disposição, por exemplo, são “Boca do Mundo – Exu no Candomblé”; “Mestre Moa do Katendê – A Primeira Vítima”; “Quando Você Chegou Meu Santo Já Estava” e “Sua Terra, Nossa Casa”, documentário português de 2016 sobre cabo-verdianos que tentam sobreviver em Lisboa.

A Bombozila também realiza projeções públicas, dentro do compromisso de aproximar “filmes e audiências estratégicas para a transformação social”, como resumem os criadores. Outra atividade da plataforma com esse mesmo propósito é a de ensinar comunicadores das periferias do Rio a retratarem suas próprias vivências, através da escola de documentário Tambor, um projeto feito com voluntários e em parceria com a Rádio Mutirão.