Vem aí a TodesPlay, plataforma de streaming criada “para que o público se reconheça na tela e nos seus bastidores”

Com homenagem virtual ao ator Grande Otelo (1915-1993), da qual participarão o ator Lázaro Ramos e a atriz e pesquisadora Deise de Brito – que falará de sua investigação sobre “Grande Otelo e a Representação do Corpo Negro” -, entre outros profissionais do audiovisual, entra em atividade neste domingo (18) – data de nascimento do histórico artista mineiro – a TodesPlay, nova plataforma de streaming que tem por objetivo “criar um espaço exclusivo para a divulgação de conteúdos produzidos por profissionais negros”, como definem suas criadoras.

“Historicamente, os olhares foram segmentados a crer em histórias originadas em apenas uma perspectiva: a de homens, brancos, cis, heterossexuais. Pesquisas como a do Grupo Gemma da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e a da Agência Nacional do Cinema demonstram como o audiovisual brasileiro amarga profundas desigualdades. A imagem que chega a nossas residências é gerida por esse perfil. A produção identitária, ou seja, realizada pela maioria populacional e minoria representada no audiovisual, não tem espaço no mercado”, afirmam Viviane Ferreira, CEO da plataforma, e Thais Scabio, gestora de desenvolvimento de negócios da iniciativa, em conversa com Preta, Preto, Pretinhos.

“A TodesPlay tem uma função e razão histórica de existir, e garante em sua formação uma equipe composta majoritariamente por pessoas negras e LGBTQI+, e com uma grade com espaço para acolher conteúdo realizado por pessoas negras, indígenas, mulheres e LGBTQI+. Nasce como uma plataforma preocupada com que o público se reconheça na tela e nos bastidores dela.”

O espaço tem gestão da Associação de Profissionais do Audiovisual Negro (Apan) e entre seus objetivos também se encontra a conservação, memória e preservação da narrativa identitária. A plataforma vai oferecer conteúdos ao público nas versões de assinatura gratuita e paga. Obras selecionadas e de mostras e festivais parceiros estarão disponíveis a todos os assinantes. Produções exclusivas serão reservadas aos inscritos na modalidade paga.

Segundo as executivas, a distribuição da receita da TodesPlay será feita por meio de participação nos lucros de acordo com o número de views que cada produtor tiver com suas obras. “Muitas produtoras disponibilizam produções no Youtube e Vimeo. Essas plataformas faturam milhões, mas quem produz dificilmente tem retorno financeiro. Na TodesPlay, além de fortalecer toda a rede de produção, os autores poderão lucrar com novas obras”, diz Scabio.

O filme que estreará a iniciativa é “Tudo que É Apertado Rasga”, de Fábio Rodrigues Filho. No curta, o realizador, pesquisador e curador discute como atores negros participam da história do cinema brasileiro.

“Partimos do ideal de que o mundo pode e deve ser compartilhado por todas as pessoas, incluindo suas especificiadades e identidades. A Todes propõe uma experiência para todas as pessoas que acreditam na partilha do bem comum, nascemos com obras de todo o território nacional”, contam Ferreira e Scabio. “A proposta é crescermos com todes que embarcarem no sonho de um audiovisual mais diverso e representativo.”