Podcast do Unicef conta histórias da cultura afro-brasileira para crianças
Você sabe como o baobá, “uma árvore que desejava ser como as outras”, terminou com esse jeitão de quem está “de cabeça para baixo”? E conhece o poder do toque da kalimba, instrumento que com suas notas deu origem a tudo o que existe na Terra, incluindo os seres humanos?
Com um sorriso permanente na voz e uma sonorização que faz o ouvinte mergulhar rapidamente na narrativa, essas e muitas outras lendas são contadas a crianças na série Deixa que Eu Conto, podcast criado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) com o objetivo de levar conteúdos afro-brasileiros ao público infantil.
No total serão 50 episódios (já estão disponíveis os primeiros nove), que além de contos trazem músicas, brincadeiras, curiosidades e adivinhações dirigidas a pequenos ouvintes pertencentes à educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. As histórias são apresentadas por contadores negros e quilombolas, como Vovó Cici, Ivamar Santos, Suane Brazão, Kemla Baptista, Mafuane Oliveira, Samara Rosa, entre outros convidados.
Além de contribuir para o cumprimento de uma determinação legal (o ensino de história e cultura afro-brasileiras na educação básica está previsto nas leis 10.639/2003 e 11.645/2008), o projeto contribui para o “empoderamento do povo preto”, afirma Ítalo Dutra, chefe de Educação do Unicef no Brasil. “É direito de cada menina e menino ter acesso a esses conteúdos desde a infância. Isso é essencial para promover, desde cedo, o enfrentamento ao racismo.” O podcast ainda traz uma seção em que os participantes – entre eles, crianças – falam do seu cabelo, pele, olhos, e de experiências boas e ruins relacionadas às suas características físicas.
O Unicef também desenvolveu conteúdos infantis enfocados na cultura amazônica. Nessa série, o eixo são histórias indígenas, ribeirinhas, quilombolas e os saberes da região.
Todo o conteúdo está disponível na página do Unicef e também em outras plataformas, como Spotify e YouTube. Além disso, as histórias foram divididas em quadros, para que – segundo afirmam os organizadores – possam ser editadas por emissoras de rádio (de acordo com sua programação e tempo planejado para difusão do material) e compartilhadas facilmente por gestores municipais, e grupos de educadores ou de pais.