Guia gratuito orienta adultos sobre como conversar com crianças e adolescentes a respeito de racismo e desigualdade
Em mais de um discurso e carta, Martin Luther King (1929-1968) expressou a dor de ser pai e ter que explicar aos seus filhos o que é o racismo. Uma passagem importante da sua própria infância foi ter compreendido aos seis anos que, por ser negro, o amiguinho de toda a sua então curta vida deixara de brincar com ele porque era branco e havia passado a frequentar uma escola – e um círculo social – diferente.
Falar de racismo com crianças é tão difícil quanto necessário. Na maioria das vezes, elas não se “descobrem” negras até não terem que se deparar com uma situação de discriminação. É o olhar do outro que costuma estabelecer nelas o início de um doloroso processo de doutrinação sobre noções de feio ou bonito, normal, melhor ou pior.
Pensando nisso – e na realidade brasileira – está sendo lançado em português o e-book “Guia para Mães e Pais Lutarem contra o Racismo, pela Igualdade e Justiça”. A tradução e a adaptação do material foi feita pela escritora Cida Chagas a partir do original das autoras Francesca Chong e Lily Pryer, desenvolvido para a plataforma online Yoopies no Reino Unido.
Mas não se trata de conversar sobre discriminação só com meninas, meninos e jovens negros, senão de incluir o público não negro também, em prol de uma educação com valores e atitudes antirracistas entre todos, afirma Chagas. “A ideia do guia é ajudar mães e pais a conversarem com suas crianças e adolescentes sobre racismo. Também orientá-las sobre como apoiar a luta das pessoas negras por igualdade e justiça.”
Com linguagem leve, o volume oferece dicas, atividades e sugestões de filmes, sites, podcasts e livros para diversas faixas etárias, e que servem como recurso para fomentar e enriquecer conversas sobre o tema. Também tópicos que explicam de forma didática e dialética assuntos essenciais para entender o debate racial, como interseccionalidade, ações afirmativas ou marcos históricos e conquistas sociais fundamentais no mundo e no Brasil, como a Revolta da Chibata ou o Dia da Consciência Negra.
No caso do Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), por exemplo, o guia explica como nasceu o movimento, por que foi adotado esse nome, e por que defender que “vidas negras importam” não quer dizer que vidas brancas não sejam igualmente importantes: “Imagine que você quebre uma perna e precise ir ao médico. Você diria ao médico que a sua perna está doendo. Embora todos os seus ossos importem, naquele momento é a sua perna que precisa de atenção”, exemplificam as autoras.
E-book: Guia para Mães e Pais Lutarem contra o Racismo, pela Igualdade e Justiça
De: Francesca Chong e Lily Pryer
Tradução e adaptação para o Brasil: Cida Chagas
Disponível gratuitamente aqui