‘Meu pai talvez tenha nascido no país errado’, diz filho de Tim Maia
Meio século depois de gravadas, as tentativas de Tim Maia (1942-1998) de eternizar sua voz em território hispânico se tornam públicas e palpáveis em “Yo te amo”. O disco lançado recentemente, em que o cantor e compositor interpreta em espanhol temas hoje emblemáticos da sua carreira, foi organizado pelo filho do artista, Carmelo, a partir dos registros que encontrou nos arquivos da gravadora Vitória Régia, em meio aos trabalhos de digitalização de parte do acervo do pai.
“No momento desse álbum, ele só tinha 28 anos, mas era um visionário. Você na década de 70 gravar um disco em espanhol para alçar outras tribos… Foi uma surpresa porque ele nunca me falou que havia gravado, se frustrado e deixado de lado esse master”, diz Carmelo Maia a Preta, Preto, Pretinhos.
Entre as nove faixas do álbum em castelhano estão “Azul da cor do mar” e “Primavera”, que contaram com um processo de meses de restauração e remasterização do engenheiro de som André Dias.
Ainda no início da carreira discográfica (o primeiro álbum solo do artista, “Tim Maia”, havia sido lançado em 1970, mesma época das gravações de “Yo te amo”), o esforço do carioca em traduzir seu repertório descortina também a semente do que seria uma nova investida no mercado internacional, depois da experiência nos EUA (entre 1959 e 1964), onde foi preso por porte de maconha e depois deportado.
“Acho que o Brasil ganha com o Tim Maia, mas infelizmente os brasileiros ‒não todos, mas a grande maioria- não dão tanto valor à cultura, como os japoneses dão, como os norte-americanos dão”, afirma Carmelo. “Meu pai talvez tenha nascido no país errado. Se ele não tivesse sido expulso dos EUA, ele teria seu real valor. Ele foi um cometa que passou por aqui. É atemporal.”
“Yo te amo”
Tim Maia
Altafonte
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